terça-feira, 19 de junho de 2012

De Volta Ao Meu Lugar


 


Desde que me entendo por gente sou apaixonada por Dança do Ventre. Morando em Aracaju, tive a oportunidade de fazer minhas primeiras aulas em 1996 e desde então meu amor por todas as danças orientais só cresce e cresce. O pessoal do Blog me convidou para escrever um artigo, contando um pouco da minha trajetória, então resolvi inverter um pouco a ordem das coisas, começando pelo final, ou melhor, pela minha mais recente experiência, já que muitas certamente ainda estão por vir. Espero que vocês gostem!

Em 2008, menos de um mês depois do Espetáculo “Fadas”, do Talibah Centro de Dança, engravidei do meu pequeno príncipe, Davi. Proibida pelo médico de fazer atividade física, tive que me afastar da dança, justamente quando foi o Grupo Talibah tomou mais fôlego. Davi nasceu em agosto de 2009 e, como nos primeiros meses nós, mães, vivemos em função do nosso bebê, lá estava eu mais uma vez longe da minha grande paixão.

O problema de ser apaixonada é que você não se contenta com pouco! Eu queria morar no Talibah! Fazer todas as aulas, incluindo as de ballet e jazz! Ciente de que não poderia deixar meu filho e minha vida profissional, que estava retomando, decidi me matricular no CAD (Centro Artístico de Dança), onde minha querida amiga Arline dava aulas para uma turma somente às segundas-feiras. “Ok, marido! Vamos negociar: Eu fico com o Davi todo santo dia, mas as noites de segunda são minhas. São para minha dança.”

Estar de volta era maravilhoso, mas eu não sou mulher de querer algo só uma vez por semana! De qualquer forma estava dançando e era só o que eu podia fazer naquele momento! Arline coreografou um Baladi lindo e acho até que optou por fazermos vestidos para a apresentação do final do ano em consideração a mim, ainda fora de forma, pós gravidez. Nossa turma era pequena e não conseguimos quorum para continuarmos no ano seguinte. Assim, lá estava eu mais um ano de castigo!

E por que eu não voltei para o Talibah então?

Porque sou profissional liberal, então ter um filho me custou largar tudo e depois ter que recomeçar quase que do zero. Conheço a mim e às minhas amigas que estudam dança. A gente respira isso e eu precisava focar na advocacia.

Felizmente deu tudo certo e consegui me reposicionar com tranqüilidade.

Muitas mudanças aconteceram em 2011, mas uma coisa nunca muda em mim, meu desejo de dançar todos os dias da minha vida! Em fevereiro estava de volta, recebida com todo carinho pelas professoras e por todas as alunas, que evoluíram uns 10 anos durante os 3 que estive ausente. Desafio lançado: Administrar família, carreira e dança. Não preciso dizer que não me sobra tempo para mais nada! As aulas são terça, quinta e sexta. Ainda estou cheia de excessos do período de sedentarismo, mas me ver de frente para espelhos enormes, pelo menos três vezes por semana, olhar para o lado e ver minhas colegas lindas e trabalhadas no pilates...

Ah! Isso sim dá um sentido para resgatar a auto-estima!

Quero deixar os cabelos crescerem para ficarem tão deslumbrantes quanto os da Verônica Hayet. O corpo? Se é para sonhar alto, quero um igual ao da Flávia Kahina, ok Deus?

Sexta-feira passada tive a honra de dividir o palco do Teatro Tobias Barreto com o maravilhoso Grupo Talibah. Ensaios desafiando meus limites físicos, com agachamentos que me pareciam impossíveis, mas que aceitei como desafio e simplesmente disse a mim mesma: “Você vai conseguir! A dança está dentro de você.”  Nem consegui decorar a coreografia até o final. Precisava de mais uns 3 ou 4 ensaios para limpar alguns errinhos, mas o Festival de Danças Árabes não podia esperar o meu tempo, então tive que confiar na minha experiência e cara-de-pau para interpretar alguém que sabia dançar tanto quanto as minhas companheiras.

Sabe o que é mais gostoso de participar dessa turma? Ao mesmo tempo que as gurias são um bando de cdfs super dedicadas, sabem se divertir dançando. Não tem aquela cobrança intimidadora. Elas aceitam as diferenças, apóiam e confiam que estamos todas dando o nosso melhor.

No fim das contas estávamos lá, com nossas túnicas coloridas, nossos melhores sorrisos, batento cabelo de um lado para o outro e passando energia positiva para a platéia, que aplaudia vibrante o antes, o durante e o depois.

Cometi um errinho aqui e outro acolá, cada um durando uma fração de segundo... O coração, ainda fora de forma, saia pela boca ao final dos nossos cinco minutos de coreografia, mas muito mais acelerado por estar de volta ao meu lugar!



Andréa Al Shamsa
Aluna do Talibah Centro de Dança.