Desde que me entendo por gente
sou apaixonada por Dança do Ventre. Morando em Aracaju, tive a oportunidade de
fazer minhas primeiras aulas em 1996 e desde então meu amor por todas as danças
orientais só cresce e cresce. O pessoal do Blog me convidou para escrever um
artigo, contando um pouco da minha trajetória, então resolvi inverter um pouco
a ordem das coisas, começando pelo final, ou melhor, pela minha mais recente
experiência, já que muitas certamente ainda estão por vir. Espero que vocês
gostem!
Em 2008, menos de um mês depois
do Espetáculo “Fadas”, do Talibah Centro de Dança, engravidei do meu pequeno
príncipe, Davi. Proibida pelo médico de fazer
atividade física, tive que me afastar da dança, justamente quando foi o Grupo Talibah
tomou mais fôlego. Davi nasceu em agosto de 2009 e,
como nos primeiros meses nós, mães, vivemos em função do nosso bebê, lá estava
eu mais uma vez longe da minha grande paixão.
O problema de ser apaixonada é
que você não se contenta com pouco! Eu queria morar no Talibah! Fazer todas as
aulas, incluindo as de ballet e jazz! Ciente de que não poderia deixar
meu filho e minha vida profissional, que estava retomando, decidi me matricular
no CAD (Centro Artístico de Dança), onde minha querida amiga Arline dava aulas
para uma turma somente às segundas-feiras. “Ok, marido! Vamos negociar: Eu fico
com o Davi todo santo dia, mas as noites de segunda são minhas. São para minha
dança.”
Estar de volta era maravilhoso,
mas eu não sou mulher de querer algo só uma vez por semana! De qualquer forma
estava dançando e era só o que eu podia fazer naquele momento! Arline coreografou um Baladi lindo e acho até que optou por
fazermos vestidos para a apresentação do final do ano em consideração a mim,
ainda fora de forma, pós gravidez. Nossa turma era pequena e não
conseguimos quorum para continuarmos no ano seguinte. Assim, lá estava eu mais
um ano de castigo!
E por que eu não voltei para o
Talibah então?
Porque sou profissional liberal,
então ter um filho me custou largar tudo e depois ter que recomeçar quase que
do zero. Conheço a mim e às minhas amigas que estudam dança. A gente respira
isso e eu precisava focar na advocacia.
Felizmente deu tudo certo e
consegui me reposicionar com tranqüilidade.
Muitas mudanças aconteceram em
2011, mas uma coisa nunca muda em mim, meu desejo de dançar todos os dias da
minha vida! Em fevereiro estava de volta,
recebida com todo carinho pelas professoras e por todas as alunas, que
evoluíram uns 10 anos durante os 3 que estive ausente. Desafio lançado:
Administrar família, carreira e dança. Não preciso dizer que não me sobra tempo
para mais nada! As aulas são terça, quinta e
sexta. Ainda estou cheia de excessos do período de sedentarismo, mas me ver de
frente para espelhos enormes, pelo menos três vezes por semana, olhar para o
lado e ver minhas colegas lindas e trabalhadas no pilates...
Ah! Isso sim dá um sentido para
resgatar a auto-estima!
Quero deixar os cabelos crescerem
para ficarem tão deslumbrantes quanto os da Verônica Hayet. O corpo? Se é para
sonhar alto, quero um igual ao da Flávia Kahina, ok Deus?
Sexta-feira passada tive a honra
de dividir o palco do Teatro Tobias Barreto com o maravilhoso Grupo Talibah. Ensaios desafiando meus limites
físicos, com agachamentos que me pareciam impossíveis, mas que aceitei como
desafio e simplesmente disse a mim mesma: “Você vai conseguir! A dança está
dentro de você.” Nem consegui decorar a
coreografia até o final. Precisava de mais uns 3 ou 4 ensaios para limpar
alguns errinhos, mas o Festival de Danças Árabes não podia esperar o meu tempo,
então tive que confiar na minha experiência e cara-de-pau para interpretar
alguém que sabia dançar tanto quanto as minhas companheiras.
Sabe o que é mais gostoso de
participar dessa turma? Ao mesmo tempo que as gurias são um bando de cdfs super dedicadas, sabem se divertir
dançando. Não tem aquela cobrança intimidadora. Elas aceitam as diferenças,
apóiam e confiam que estamos todas dando o nosso melhor.
No fim das contas estávamos lá,
com nossas túnicas coloridas, nossos melhores sorrisos, batento cabelo de um
lado para o outro e passando energia positiva para a platéia, que aplaudia
vibrante o antes, o durante e o depois.
Cometi um errinho aqui e outro
acolá, cada um durando uma fração de segundo... O coração, ainda fora de forma,
saia pela boca ao final dos nossos cinco minutos de coreografia, mas muito mais
acelerado por estar de volta ao meu lugar!
Andréa Al Shamsa
Aluna do Talibah Centro de Dança.